As emoções estavam num turbilhão e o Mundo parecia virado do avesso. A máquina emitiu um contínuo som agudo “piiiii” e parou. Parou ali também a vida.
Aliviei os ombros, tensos há mais de seis meses e numa espécie de compaixão cansada fiquei a olhar. Acho que não olhava para nada em concreto, olhava o vazio. O vazio do que sentia e o vazio em que se tinha tornado a minha vida.
Ainda assim e com a alma dolorida, achava sempre que havia uma esperança. “Não pode acabar assim”, pensei. E assim me deixei ficar uns minutos neste melancólico júbilo de que o fim não podia ser finito.
Olhei para a janela e o céu estava pesado, tinha ouvido na rádio que iria chover muito em Lisboa por estes dias.
Talvez a máquina do café até tivesse arranjo. E hoje podia perfeitamente trocar esse hábito matinal por um simples copo de sumo.
[Foto: Karl]



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