auto-retrato

Nascida e embalada na nau do mártire padroeiro da capital deste canto à beira da Europa plantado, foi Tânia que a pia baptismal me tornou, não por herança da tradição de nome de uma madrinha, mas apenas por ser o nome mais ouvido pelos que me deram luz, na rua que habitava o seu recém casamento.

Deixo os finos cabelos herdados da minha mãe, emoldurarem o rosto dourado pela melanina que herdei do meu pai e, os olhos de ambos postos nos meus, como os deles, de cor leais.

Sou numa aldeia transmontana “a neta da Dulce”, mas sou-o também quando viajo o Mundo, pois sê-lo é ter a força e a perseverança de uma mulher do Norte, contraposta pela calma e eterna paciência do avô que com ela casou.

A minha estatura é baixa, mas são altos os sonhos que sonho e por eles me estico para além do que consigo alcançar. Sonho até quando o meu corpo desperta e é por eles que desperto todos os dias, para dar sentido ao eu que existe em mim.

Pintada a pele eternamente no primeiro quarto de século da minha vida, ficou a homenagem à 2ª Arte, aquela que sonhava bailar, mas que o medo travou.

Para sempre enamorada por histórias, tento agora eu criar as minhas, não com a ambição que se tornem eternas como os clássicos da literatura, mas com o desejo de que se tornem eternamente lembradas pelos que as leem.

Amo sempre além do que as minhas artérias conseguem suportar e sofro em igual dimensão, quando as vazam com desamor.

Quando quiseres saber quem sou, procura em ti, pois serei muito daquilo que me dás.

 

 

 

[Foto de Helder Moreira]

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