Gosto de ser alisboada.
Não gosto que se diga que o santo da minha Lisboa é António.
Gosto do António que me fez vida.
Não gosto quando a minha vida me desgosta.
Gosto da Piedade da minha mãe.
Não gosto que impiedosamente ela não goste deste seu nome.
Gosto de gostar das pessoas.
Não gosto de não gostar de alguém.
Gosto de escrever com caneta.
Não gosto do calo que a escrita me faz no dedo.
Gosto de lençóis de algodão caiados.
Não gosto do som arrepiante de algodão a separar-se.
Gosto de comer.
Não gosto que a gula seja o meu capital pecado.
Gosto do crepitar da lenha da lareira do meu avô.
Não gosto que a morte o tenha transformado em saudade.



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