– “Porque não pões umas bolinhas de naftalina no guarda-roupa, querida?”
Oiço-a perguntar com aquela voz meiga de quem nos é mãe a dobrar.
– “Porque isso já não se usa avó! Aliás, nem entendo porque é que alguma vez se usou tal coisa. Assim, na missa, cheiravam todas ao mesmo!” – respondi eu no tom irónico que a arreliava.
– “Ai filha, lá estás tu, que sacrilégio! Não sei a quem terás saído assim tão pespineta.”
– “A si!” – gracejei eu.
De fora da janela, a sirene dos bombeiros acorda-me deste diálogo imaginário.
Ela jamais voltará a falar comigo realmente e eu jamais colocarei naftalina no meu roupeiro.
[Foto: David Monje]



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