Se virem uma porta amarela, batam. Quem a abrirá será a talentosa Sara Didelet.

 

Designer de profissão, é no projecto Porta Amarela do qual é autora, que desenvolve produtos pensados ao pormenor que são, acima de tudo, um reflexo de si e das coisas que gosta.

 

Somos licenciadas no mesmo curso, mas cruzamo-nos pouco no campus da Universidade e só mais tarde, numa festa de uma amiga em comum, voltámos ao contacto. A partir daí foi crescendo uma amizade, um companheirismo e uma presença na vida uma da outra que faz da Sara o ombro de muitas lágrimas, a partilha de viagens, os momentos hilariantes e as gargalhadas infindáveis.

 

Para que a conheçam um pouco melhor, espreitem as resposta dela às minhas curiosidades.

 

Palavras que não gostas?

Joanete. Piaçaba.

 

O que há sempre em tua casa?

Velas e chás.

 

Qual é a melhor invenção de sempre?

MBWay.

 

Livro favorito?

Não tenho apenas um preferido. Assim de repente, “Quando Nietzsche Chorou”, “Sombra do Vento” e os Harry Potter.

 

Qual foi a última coisa que comeste?

Acabei de sair do H3, foi hambúrguer com cogumelos.

 

pessoa-a-marionete

Como mandam as regras deste desafio, pedi à Sara 5 premissas, sobre as quais eu teria de escrever em 5 minutos uma short story. As premissas que ela me deu foram as seguintes: fantasia, duas espécies de plantas, marioneta, viagem ao passado e caixa mistério.

 

O resultado foi este…


Pessoa não o era propriamente. Era apenas de nome. De corpo era feito de trapos, cordéis atados às mãos e aos pés e uma cruz de madeira, que do topo da sua cabeça lhe destinava os movimentos.

Nunca entendeu porque lhe chamavam Pessoa, se jamais deixaria de ser uma marionete daquele teatro amador que não amava e que ironicamente tinha morada na Rua da Esperança.

Numa qualquer terça-feira, de algum mês, de um ano presente, Pessoa tinha acabado o seu último espetáculo do dia e sido deixado no armário onde sempre pernoitava. Olhou para o lado e entre um ventríloquo e dois vasos de orquídeas e hortenses artificiais, os seus redondos e brilhantes olhos fixaram uma caixa mistério que aguçou a sua curiosidade.

Como que por magia, a caixa abriu-se e de dentro dela saiu o maior raio de luz que alguma vez a sua singular existência tinha visto. Envolvido por esse clarão, Pessoa não percebeu o que se passou, se seria real ou fantasia, mas parecia que tinha feito uma viagem ao passado. Esfregou os olhos.

“Espera… esfreguei os olhos!”.

Olhou para os braços que agora se mexiam freneticamente à sua vontade, as pernas erguiam o seu franzino corpo e Pessoa sentiu-se, pela primeira vez, isso mesmo!

 

 

 

[Foto: Anita Jankovic]

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